Quem curte quadrinhos delirou. A graphic novel com maior reconhecimento de público e crítica (vencedor de Prêmios Kby, Eisner e o Prêmio Hugo de Literatura), escrita por Allan Moore e ilustrada por Dave Gibbons, foi finalmente adaptada para o cinema através do diretor Zach Snyder, que também dirigiu outra obra prima que foi 300.
Além da óbvia revolução visual, que já vimos em 300, o filme de Zach Snyder contou com um estudo detalhado de referências históricas do mundo das ideologias políticas, da moda, das ciências e das artes, que faz com que possamos fazer uma viagem através da História da Humanidade entre 1930 e 1985. A morte de Kennedy, o governo Nixon, o Homem na Lua, a obra de Andy Warhol, a revolução Hippie,a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria, e até uma piadinha sobre a candidatura de Reagan ao Governo Americano são exemplos de imagens que percorrem na tela, num esquema de vídeo clipe.
Tudo isso, acompanhado de uma excelente trilha sonora, que situa o espectador conhecedor de boa música no momento histórico em que a estória está sendo contada: Nat King Cole, Billie Holiday, Nina Simone, Jimmy Hendrix, Bob Dylan, Janis Joplin, Bob Dylan, Simon & Garfunkel, My Chemical Romance, entre outros, somente para dar uma idéia do que estou falando.
Para quem não conhece a estória, ela se baseia numa realidade fictícia em que estaríamos em 1985, em que Nixon estaria em seu 5o. mandato, em meio a uma tensa situação entre a URSS e os EUA, prestes a um conflito nuclear. Nessa realidade, os super- heróis existem, e convivem na sociedade entre 1930 e cerca de 1960. Em 1977, Nixon determina a Lei Keene, em resposta à greve da polícia e a queixa popular das ações dos super-heróis agindo acima da Lei. Nela, os super-heróis teriam que prestar contas dos seus atos para o Governo. Muitos dos super-heróis se aposentaram, e alguns mantém suas atividades sobre supervisão governamental. Aqueles que não cooperaram foram mortos, presos, perseguidos ou considerados loucos.
A estória narra os fatos ocorridos naquele momento histórico, em torno da morte do personagem Comediante. O Comediante foi um daqueles super-heróis que continuaram prestando serviços através da supervisão do Governo, e no início da estória é morto de maneira trágica e violenta. Ele era conhecido por seu cinismo e violência, e se refugiava no humor, por conhecer muito bem o terror das relações humanas.
Nesse momento, temos contato com o narrador dessa história, o personagem Rorschach. Rorschach foi um daqueles que não aceitou a Lei Keene, e por isso acabou perseguido. Esse é um personagem muito enigmático, porque traz uma relação ambivalente com a justiça e o submundo. Tem sua própria moral e somente a ela mantém coerência. Com a morte do Comediante, Rorschach desconfia que há um complô contra todos os heróis mascarados e tenta avisar e reunir todos aqueles da sua classe.
Nessa sua busca, teremos contato com vários personagens e os conflitos por eles vividos na sua nova vida “normal”. Nele, percebemos que apesar de super-heróis, os personagens têm as mesmas neuroses humanas, dúvidas, conflitos, fragilidades, e daí a frase : “Who watches the Watchmen?” faz todo o sentido. Os super-heróis cuidam dos humanos, olham por eles, mas quem está olhando os vigilantes? Quem os protege, quem os aconselha, quem os protege deles mesmos?
Não vale a pena contar mais, um filme desses tem que ser visto. Parabéns a Zach Snyder que conseguiu tão bem ambientar o filme, mesmo numa realidade bastante diferente da nossa (década de 80), trazendo questões tão atuais (a cultura da banalização moral e do consumo excessivo).
Quem tiver a curiosidade de ver um pouco mais sobre o filme, o site oficial é esse:
http://watchmenmovie.warnerbros.com/
O site do Terra traz informações interessantes, em português:
http://www.terra.com.br/diversao/cinema/especial/watchmen/index.htm
Posto também os trailers oficiais: